quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

3º internamento


Após ter tido a alta do 2º internamento, tive de voltar ao hospital como combinado na sexta para fazer a TAC... depois de a fazer, fui à farmácia do hospital buscar as picas ( factores de crescimento) para administrar na barriga ( tal como as outras que fiz) 5 dias antes da data prevista para a colheita das células. Haviam duas coisas que me assaltavam o pensamento... ter de mudar de novo de serviço e terem de me meter um catéter femoral. A colheita estava marcada para os últimos dias do mês de Abril, e eu só queria que os dias não passassem depressa. Quando comecei a fazer aquelas picas novas ( e finalmente tive de parar as outras porque como era um anti coagulante, podia ter uma hemorragia quando me metessem o cateter) tive dores horríveis nos ossos, já nem sabia onde me doía... já nenhum comprimido fazia efeito. O derradeiro dia chegou e lá fui eu... Ainda encontrei a Mary para lhe dar a prenda de anos dela à porta do serviço, sabia que elas iam estar ali ao lado... A Sandra levou-me até à unidade, apresentou-me os enfermeiros de serviço e mostraram-me o meu quarto... sim, eu tinha um quarto só para mim! Tinha uma tv daquelas tipo plasma, com mais de 4 canais, tinha internet também... tudo! O único inconveniente é que era uma área de isolamento, ou seja, não podia sair do quarto, não podia ir à casa de banho e o banho tinha de ser uma lavagem tipo à gato... péssimo!Ah, e não podia usar pijamas meus, só os do hospital... No dia do internamento não me fizeram nada, só um monte de perguntas à entrada, o enfermeiro Pedro era quem ficava comigo nesse dia e eu gostei, era bastante divertido.. No dia seguinte depois de tomar o pequeno almoço tinha então de deixar fazerem-me a maldade. Era o Dr. Raúl, e segundo toda a gente naquele hospital, é o melhor dos melhores no que faz... O Pedro ficou a ajudar o Dr. e lá teve de ser... tanto medo que eu tinha e no fim, quando percebi que não me estavam a fazer mais nada, perguntei : " Então mas já está? É só isto?". Eles começaram-se a rir e disseram que sim... a coisa que eu tinha mais medo, quase que nem dei conta que o estavam a fazer. Ia para a colheita das células de manhã cedo durante umas 3h, chegava lá à imunohemoterapia e dormia o tempo todo até voltar ao quarto. Aquele quarto tinha outro privilégio... à noite, conseguia ver as enfermeiras do outro serviço, as minhas amigas, o que era reconfortante. O horário de visitas era diferente, era menos tempo, mas mesmo assim tive a visita dos meus amigos e os meus pais como sempre, iam todos os dias. Na unidade tinha de se entrar com uma bata azul e uma máscara, porque é onde os doentes estão com as defesas mais em baixo devido aos transplantes... era uma barrigada de rir sempre que entrava um amigo meu ou os meus pais, pareciam todos médicos! No último dia que recolhi células tive de levar um "bife" ( é o que costumo chamar a uma transfusão de sangue ), porque devido à recolha, a mina hemoglobina baixou, o que é perfeitamente normal. Depois disto tudo, era hora de tirar o catéter femoral, doeu mais a tirar os pontos do que a meter o catéter em si.. Foi a enfermeira Mafalda que o fez, e meteu um peso sobre a veia um quanto tempo para não haver hemorragias. Depois do penso feito, era hora de voltar para casa e esperar por resultados, para sabermos o que fazer a seguir, desta vez sem as picas na barriga. Mas antes de sair do hospital, não podia falhar com a visita às enfermeiras do lado como sempre...