segunda-feira, 15 de abril de 2013

Autotransplante (...)

Ligaram-me do hospital no dia 14 de Junho. Tinha de lá estar no dia 18 por volta das 13h... e assim foi, lá ia
eu de mala feita outra vez. Quando cheguei tive de ir fazer um raio x antes de ser internada, acho que era para eles terem uma referência qualquer do antes e do depois. Fiquei à espera até as 17h para ser internada ( o que até foi bom porque deu para comer comida da boa antes), e foi aí que o enfermeiro André me veio chamar. A minha mãe entrou comigo, para conhecer os meus novos aposentos... o quarto desta vez tinha uma bicicleta daquelas de fazer exercício, confesso que achei piada. Não me iam colocar o cateter central naquele dia, só no dia seguinte ( respirei de alívio, não gostava nada daquela ideia), mas como estava internada tinha de meter um acesso na mesma. Lá veio o André procurar uma veia que não se escondesse... picou uma mas eu avisei-o logo que aquela não ia dar ( eu, a profissional de veias), mas mesmo assim ele tentou embora depois conclui-se que eu estava certa. No dia seguinte o Dr.Raul colocava-me o cateter e na quarta começava a quimio antes do transplante que seria na semana seguinte. Aquele resto de dia passou rápido, quando reparei já era terça de manhã quando me acordaram por volta das 9h (era cedíssimo para mim) para mudarem os lençóis da cama, tomar o banho à gato ( acho que já sentia falta de um chuveiro e ainda nem um dia tinha passado) e tomar o pequeno almoço. A minha sorte é que estava quase carequinha, senão era um trabalhão para lavar o cabelo sem um chuveiro. Depois de tudo feito e ainda antes de almoço, o Dr. Raul chegou com o Pedro para fazerem a maldade. Lá veio a pica da anestesia local, e depois uma pica mais forte ( que era o cateter, a ponta daquilo parecia a ponta dos pauzinhos do chinês), doeu um bocadinho mais do que esperava mas suportava-se bem. Teve de voltar a fazer o mesmo porque o primeiro não ia na direcção certa e, de repente, comecei a sentir o coração a bater mais depressa, o que significava que já tinha encontrado a veia certa e pronto... 3 pontinhos e já estava. O que me passou semanas a atormentar estava concluído, e agora já não precisavam de andar à procura das minhas veias fugitivas. Ainda tive direito a ir dar um passeio até ao piso do raio x para fazer um, para terem a certeza que o cateter estava bem colocado ( como ainda não tinha começado o tratamento não havia problema em estar em contacto com outras pessoas). E como já era costume, não conseguia comer a comida de lá, só o cheiro me enjoava. Só o que ainda conseguia comer era a canja e o pão com manteiga. Tinha muita coisa com que me entreter, tinha a televisão, o computador, o quarto só para mim... era quase como se tivesse em casa. Um dos únicos inconvenientes era quando vinham colher sangue as 6h, mesmo que não fizessem barulho ao entrar, acordava sempre quando me destapavam para ficar com o cateter de maneira a que eles pudessem fazer a recolha.

Sem comentários:

Enviar um comentário