sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O regresso a casa ( 1º Dia )

Passei mal a noite, começou-me a doer a zona dos rins, a cama já me era estranha e ainda acordei a pensar que não podia estar a dormir virada para o lado esquerdo porque tinha o cateter ( foram tantos dias a ter cuidado com o cateter). A minha mãe foi-me acordar as 9.30h, era hora da pica na barriga. Estive durante quase meia hora a tentar espetar a agulha na minha barriga, mas sem resultado positivo, faltavam as mãos de segurança na minha... com isto só me restava passar a seringa e a barriga à minha mãe. Para primeira vez até que não foi má enfermeira, safou-se bem. Era hora de tomar o 1º pequeno almoço da mamã, torradinhas ( sem queijo fresco porque não podia comer) e leite com café. No tabuleiro com o fantástico pequeno almoço vinham os comprimidos que tinha de tomar, era o desmame daquilo que me administravam na veia. A dor de cabeça continuava assim que tirava a cabeça da almofada. Depois do pequeno almoço meti-me a ouvir as minhas músicas da "depressão" ( não estava com nenhuma depressão, chamo músicas da depressão àquelas que me fazem lembrar momentos e pessoas, neste caso eram as músicas que ouvi enquanto estive no hospital), e lá vieram as lágrimas... tinha saudades daquelas pessoas que se tornaram tão especiais e às quais estava tão habituada. Está certo que agora estava com a minha família e que não há amor igual a esse, mas o que é certo é que descobri um outro tipo de amor e outro tipo de entrega. Fui ao facebook durante o dia, o meu mural estava cheio de publicações, desta vez de enfermeiras ( que me fizeram logo chorar com o que escreveram e por se lembrarem de mim) e de pessoas que já souberam que estava em casa. Tinha tanto frio nas orelhas! Ainda não me tinha olhado ao espelho com olhos de ver, mas a minha irmã queria-me tirar fotos careca com a nova nintendo dela... vi a foto e até gostei. Quando fui tomar anho olhei, e reaprei que tinha uma cabeça bem feitinha e que ficava bem sem cabelo. As minhas avós não podiam falhar o primeiro dia da neta em casa, como é óbvio. Depois de jantar apareceu o meu padrinho, que me levou a minha afilhada ( mal tinha força para a pegar ao colo) e os meus primos. Era o que eu mais queria, ter casa cheia e ver pessoas que não via regularmente enquanto estive internada. O que queria também era ver os meus amigos, mas ainda não podia ir ao café, tinha de me aguentar até ao fim de semana. Passei o dia paraticamente deitada no sofá por causa da dor de cabeça. A minha mãe era a minha nova enfermeira. Esta noite ia dormir na cama dos meus pais porque estava cheia de dores nas costas, pensava eu que era nas costas...

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