sábado, 18 de agosto de 2012

12º Dia

Terça feira, comecei a acordar com o barulho nos corredores… mas a Vivi foi-me mesmo acordar! Foi-me perguntar assim… “ Ana, tu fumaste?”… eu interpretei a pergunta como se fosse antes de entrar no hospital… e respondi, “sim fumei, mas já vos tinha dito” e ela pergunta-me, “mas fumaste aqui? Hoje de manhã?”… eu respondi logo “ claro que não! Nem tenho aqui tabaco!”. Foi aí que ela me disse que a senhora que tinha entrado lhes foi dizer que me tinha visto a fumar no quarto ( a sério?! Se quisesse fumar pelo menos ia à casa de banho, assim ninguém sabia! Eu mal respirava, nem do tabaco me lembrava). Estava sensível, comecei a chorar. Pareceu-me mal o que a senhora inventou. Tomei o pequeno almoço e a hora da biópsia estava a aproximar-se. Não sabia muito bem como aquilo era, mas não tinha um bom nome. Foi então que chegou o médico ( era de hematologia, mas eu não sabia), era espanhol e simpático. O Renato ia ajudar o Dr., e a Andreia achou que eu ia gostar de agarrar duas mãozitas amigas. Avisei logo que tinha de dizer pica antes de picar ( prefiro saber que vou sentir alguma coisa, do que sentir sem estar à espera), mas o Dr. esqueceu-se, tenho a sensação que fugi um bocadinho… era a anestesia. Passou um bocadinho, e comecei a sentir muita pressão ( apertei imenso as mãos da Andreia naquele momento)… começava a doer e sentia que cada vez o Dr. fazia mais força ( continuava a apertar as mãos da Andreia que já estava de cabeça baixa para não ver o que me estavam a fazer), sei que ainda soltei um ai ou outro, mas mantive-me imóvel. Finalmente aquilo acabou… o Renato diz que devia ter feito um vídeo para eu ver, a força que estavam a fazer e eu sem me queixar! Achei piada àquilo do vídeo, até devia ter a sua graça. A Dra. Rita veio ter comigo depois, saber como tinha corrido e dizer que finalmente iam tratar do meu inchaço com cortisona. Já na hora da visita, estava lá o João M. e a minha mãe, vieram-me dizer que tinha de mudar de quarto… Ainda não sabiam qual era o vírus que a senhora que entrou tinha e como eu ia fazer a cortisona, decidiram assim para não me prejudicar. Assim foi, lá estavam eles a carregar as minhas coisas todas ( sim, porque eu ainda não me posso levantar da cama) para o novo quarto. Tinha uma senhora muito simpática e muito doce à minha frente ( sinceramente já não me recordo do nome dela, tenho a sensação que não era assim muito comum)… e ao meu lado direito estava a Cristina ( que também é simpática e está na casa dos 30 anos). Para ser sincera, comecei a sentir falta das minhas amigas do outro quarto… Agora tenho de fazer uma pica no dedo todas as noites para ver a glicemia por causa da cortisona ( quase que já não me incomodava, já era tão normal ser picada). As minhas veias são um caos, a Ritinha vem com a sua paciência atrelada procurar-me uma veia que não fuja da agulha para me meter outro acesso ( um dos que tinha foi-se novamente ). Não tinha sono, ainda estive ao telemóvel um bocado de tempo, depois de algumas voltas lá consegui adormecer.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog. Sei que tudo isto já se passou a algum tempo e deverias escrever mais rápido para chegares ao dia de hoje. Assim podes partilhar o teu estado dia a dia. Aí sim, vais sentir apoio dia a dia. Pensa nisso. Gosto de ler o que escreves.

    Hm

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  2. A intenção não é escrever mais rápido, nem contar todos os meus dias até agora! A intenção é passar uma mensagem, não é sentir apoio ( esse sempre o tive de quem devia)... mas agradeço a sugestão!Espero que continue a gostar.

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