Terça-feira e veio o bom dia habitual entre nós no quarto, o
bom dia habitual das enfermeiras de serviço, das auxiliares, da médica. Hoje
quando me vieram dar o comprimido para proteger o estômago, notei que mexeram
no meu nível de oxigénio, não sei se para menos ou para mais, não percebo muito
daquilo. A Dra. Rita veio fazer o habitual, tirar sangue, auscultar, perguntar
como me sentia… Hoje ia ao piso 3 fazer um rx ao tórax, é só tomar o meu
pequeno almoço e levam-me lá. Fui de cadeira de rodas, com a botija de oxigénio
pendurada nas costas da cadeira, sem nunca deixar de receber o oxigénio.
Chegámos lá, tal não é o meu espanto quando começo a ver uma cara que me era
familiar a aproximar-se. Era a enfermeira do dia do internamento! Assim que
tive a certeza que era ela comecei logo a mandar vir que não me tinha ido ver.
Estava com uma outra enfermeira (suponho), que me conhecia do dia anterior, e
que sinceramente eu não me lembro. Esteve presente quando fiz a
broncofibroscopia, devia fazer parte da equipa, não sei. Lá estivemos na
brincadeira, e a tal rapariga disse-me que à tarde quando terminassem o turno
me levava lá a enfermeira da urgência (ao que parece ela sabia onde eu estava
hospedada). Lá fomos às nossas vidas. Fiz o rx e segui de novo para o quarto.
Mal cheguei à minha caminha, vejo a Dra. Rita entrar com um ar muito aflito. Já
viu o meu rx ( foi mesmo rápido, ao que parece foi de urgência) e… tenho de ir
tirar líquido do pulmão?! O quê? Era só mesmo o que me faltava! Mais picadelas...
Comecei logo a chorar que nem um bebé, não me tinha já bastado o exame do dia
anterior, senão agora também mais coisas complicadas ( imaginava eu na minha
cabeça). O que sei é que ter líquido no pulmão não é bom sinal! Mais uma vez
ficaram as minhas companheiras todas aflitas, foi um instante enquanto o quarto
se encheu de todas as enfermeiras e auxiliares de serviço porque eu estava
assustada e a chorar... Despediram-se de mim, a enfermeira São foi comigo para
o piso 7 para me sentir mais segura. E lá estava eu naquele piso que passei a
detestar! Estava com medo… tinha uma enfermeira a agarrar-me nas mãos, para
ficar mais calma. Para o médico aquilo parecia canja. Não foi tão mau como
pensei, só doeu ( pouco) a espetar a agulha, o resto não senti nada. Ainda
estive uns 10min à espera que o líquido saísse… e mesmo assim não saiu todo,
senti que ia tossir e pararam o procedimento. Voltei lá para cima, vieram logo
as enfermeiras todas ter comigo. De facto tinha feito uma choradeira para nada,
quase que não dei por nada. Antes sequer de sair da maca, fui logo fazer um rx
para ver como tinha ficado o pulmão depois daquilo, a Dra disse para me levarem
quando eu quisesse, mas eu queria era despachar-me para não sair mais do
quarto. Voltei para cima e realmente agora sentia-me mais aliviada, o que
parecia ser um respirar normal antes disto, não é nada comparado com o de
agora… sinto-me mesmo “leve”. Escusado será dizer que liguei para a minha mãe
no momento da choradeira, mas ela não atendeu, já devia vir a caminho. Hoje
quando tomei banho, notei que o meu pescoço e os meus ombros estavam mais
inchados, as veias do pescoço estavam saídas, mas pensei que fosse passageiro
nem disse nada a Dra. A mamã chegou, deu a beijoca na testa e o papá também. Lá
lhe tive a fazer as queixas da maldade que me fizeram! A Dra veio dizer que o
rx para já está bom e que íamos ver o que acontecia, mas caso voltasse a ter
líquido como tinha, tínhamos de usar outro procedimento para o tirar ( uma
drenagem, ficar com tubos no pulmão, para estar sempre a sair o líquido para um
depósito). Opa por favor, era o que me faltava… andar com tubos no pulmão. Só
espero que isto não volte a acontecer! Estava eu sozinha ( as visitas tiveram
de sair por momentos), vejo entrar aquela tal rapariga que estava com a Cláudia…
não é que a trouxe mesmo?! Estava contente, claro que estava contente, foi das
primeiras pessoas com quem contactei nesta etapa. A tal rapariga, que ainda
hoje não sei o nome, despediu-se e disse que só lá ia entregar-me a enfermeira.
Ela veio, cumprimentou-me, sentou-se na cama e a primeira coisa que lhe
perguntei foi o nome, para não ser uma conversa tão impessoal. E ali tivemos,
um bom bocado a conversar. Combinámos que ela me ia visitar na quinta de manhã,
quando saísse do turno da noite mas eu já previa o que iria acontecer. Ela lá
tinha tempo e paciência para ir visitar uma estranha! As visitas voltaram a
entrar, ainda deu tempo da minha mãe conhecer a Cláudia. E assim se passou o
dia… a Celeste hoje não lhe apetece ir ao kizomba ( a Celeste sabe dançar, e
como eu também gosto, gerou-se assim a conversa das saídas à noite) mas a avó
está pronta! Vamos mudar de roupa e vamos para lá até de manhã. Só mesmo as
nossas brincadeiras para nos distrairmos. Eu e a dona Ana, a minha mãezinha,
somos sempre das últimas a adormecer, olhamos uma para a outra e falamos
baixinho… depois quando vem alguma enfermeira assim com quem me dou mais, fica
la um pouco connosco a conversar. E assim se passa o tempo.
És uma lutadora ana , esta lindo o teu blog .. tens muita coragem em pratilhar tudo isto , acho um gesto muito lindo :)Beijos jogadora da bola *
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