domingo, 26 de agosto de 2012

20º Dia

Quarta feira, acordei com a mesma dor de garganta... o que o médico me tinha receitado não tinha feito efeito. Supostamente hoje era o dia da P.L, mas como não era assim tão urgente e como tinha feito uma ponta de febre outra vez, ainda não foi o dia. Fiquei logo toda contente, pelo menos já ia ser um dia "normal". Quando saí da pneumo, a Ritinha e a Andreia picaram-me uma veia cada uma... a Ritinha disse que aquele acesso ia durar uns bons dias, e de facto durou, até hoje! Não era preciso picar uma nova porque ainda tinha outro acesso que ainda estava bom. Disseram-me que ia entrar uma rapariga da minha idade para a cama ao lado da minha, ia meter um cateter venoso central. Pelo menos ia ter companhia por uma noite... a dona Antonieta ia ter alta, ia ficar só eu e a Cândida. A dona Antonieta saiu, mas pouco depois entrou uma outra senhora, a dona Helena, que ia para a cama que estava à minha frente. Vinha a dormir, não sei o que é que lhe tinham feito ou o que é que ela tinha. Passado pouco tempo começou a acordar e só pedia água, mas ainda não tinha vindo nenhum médico, não sabíamos se podia beber. Tentámos explicar-lhe isso, mas ela parecia um bocado desorientada e não percebia que não podia. Lá veio o Dr. Raúl, foi aí que me disse que a doença dela lhe afectava a parte psicológica. Mandei beijinhos à Dra. Rita por ele, e ele disse que ela me viria ver ainda. À tardinha entrou a Alison, a tal rapariga da minha idade. Era muito simpática, começámos a conversar sobre as nossas doenças ( ela tinha o mesmo que eu), só não tinha tido a trombose jugular bilateral como eu. Estava a fazer quimio no hospital de dia, mas as veias já estavam muito estragadas da quimio, por isso tinha de meter um cateter central. Isso era coisa que eu não queria, só a ideia de levar anestesia numa parte sensível ( parte esquerda do peito, para apanharem a veia do coração) e depois de ficar ali com uma coisa, fazia-me confusão. Não queria ter de meter aquilo, mas as minhas veias eram tão péssimas, mais que as dela. À noite não conseguíamos dormir, a dona Helena começava a gritar e a dizer coisas sem sentido como pedir sal e vinagre. Acordávamos constantemente com ela a falar e a gritar, depois não percebia que nos estava a incomodar. Foi aí que a Betona decidiu mudá-la de quarto para conseguirmos descansar, e ela também.

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