Era segunda feira, uma nova
rotina invadiu a minha rotina do fim de semana… Acordei sozinha, com o barulho
dos corredores. Estava pronta para tomar o meu pequeno almoço quando uma
enfermeira me vem perguntar se já tinha comido alguma coisa. Eu achei aquela
pergunta estranha mas disse que não. Foi quando ela me disse “ então não comas
nem bebas nada porque vais fazer um exame”e eu “ Um exame? Que exame?” e ela “
A broncofibroscopia”. Caiu-me tudo ao chão, eu gosto de saber das coisas com
antecedência, a Inês tinha-me dito que não era assim tão depressa, não estava
mentalizada para aquilo. Levaram-me para baixo, era no piso 7. As minha colegas
de quarto deram-me força, dizendo que daqui a bocado já estava lá de novo com
elas. Antes de me levarem, tiraram-me sangue da veia normal e da artéria também
( agora já sabia que quando me picavam no pulso era para ver o nível de
oxigénio no sangue). Fui de maca, meteram-me num canto e veio ter comigo uma
senhora que era a dona Alice. Eu só queria saber tudo, tim tim por tim tim o
que me iam fazer. Levaram-me para a sala do exame, estavam lá 3 pessoas pelo
menos. Comecei de novo a perguntar o que me iam fazer. Confesso que estava cheia
de medo. Ligaram-me àquela máquina que se vê os batimentos do coração. O meu
estava acelerado. A Dra. Margarida era quem me ia fazer o exame. Respondeu a
todas as minhas perguntas. De seguida deram-me a anestesia local. Meteram-me 2
ou 3 líquidos pelo nariz ( odeio soros fisiológicos, pelo que nunca meto quando
preciso, e naquele momento estavam-me a fazer das coisas que mais odeio). De
repente, parecia que não tinha força para me mexer e estava ensonada. Lembro-me
da Dra. Margarida me dizer que iam começar, e eu acenei afirmativamente com a
cabeça e de seguida senti a minha narina cheia, com aquele tubo! Começou-me a
doer e sei que me estava a contorcer, porque me disseram para estar quieta.
Tentaram pela outra narina, e continuava-me a doer. Comecei a ouvir o pi pi pi
pi da máquina que controlava o meu coração a um ritmo estonteante. Comecei a
chorar e disse que não aguentava mais, para me meterem a dormir! Foi então que
me tiraram o tubo da narina, a Dra. passou-me a mão pelo rosto e disse que iam
chamar um anestesista para levar anestesia geral. Tinha acabado de ter uma
taquicardia. Chegou então alguém, que não me lembro da cara, e disse-me “ Agora
vais-te sentir tonta”. Senti uma máscara na cara, estava a olhar para o tecto e
de repente ele começou a rodar. Só me lembro de acordar no sítio onde conheci a
dona Alice. Não sei se sonhei ou se disse mesmo “dona Alice, já acordei”. Até
hoje, não sei. Voltei a fechar os olhos. Quando os abri de novo, vi a Dra. Margarida
vir na minha direcção e disse-me que tinha corrido tudo bem, que não
conseguiram entrar com o tubo pelo nariz, teve de ser pela boca. Alguém das
auxiliares de serviço me foi buscar ao piso 7, mas eu não me lembro quem. Era
como se me apaga-se por momentos. Cheguei ao meu quarto e deparei-me com as
minhas colegas preocupadas comigo. Não tive nem tenho a noção de quanto tempo
estive no piso 7, mas pelas expressões delas, ainda foram umas horas. Falei com
pessoas ao telefone, e não me lembro de o ter feito. A anestesia deu cabo de
mim por umas horas. Comecei a tratar a dona Virgínia por avó. Fazia-me mesmo
lembrar a minha avó. Estávamos sempre a brincar uma com a outra. Aquele quarto
já era uma alegria para mim, já não me sentia mal em estar ali naquele sítio,
mesmo pensando que não estava doente. A avó ensinou-me que quando íamos a casa
de banho, dizia-se que íamos às compras, porque levávamos o carrinho com o soro
connosco. Quando íamos à casa de banho juntas, fazíamos corridas com os
carrinhos, para ver quem chegava primeiro. Depois esperávamos uma pela outra,
para fazer outra corrida até ao quarto. Aquele sítio começava a fazer parte de
mim. Tive os meus papás e uma das minhas avós na visita de hoje, e alguns
amigos que estudam em Lisboa. Conheci finalmente a minha médica, a Dra. Rita,
que me foi auscultar e saber como me sentia, muito simpática. Decidiu ligar-me
a uma máquina idêntica à do piso 7, para controlarem os meus batimentos
cardíacos uma vez que tive a taquicardia. Tive aquilo cerca de 1h mais ou
menos, era só para prevenir ( eu sabia que aquilo tinha sido provocado pelo
medo e pelo nervosismo do momento). Ainda não estou habituada aos horários do
hospital, mas tinha sono, talvez ainda fossem efeitos da anestesia geral.
Gostei muito do texto, descreves tudo e com os pormenores necessários para conseguirmos ter alguma ideia daquilo por que tens passado! Essa "Avó" devia ser o máximo lol vocês as duas juntas deviam ser o terror das enfermeiras :p
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